A Deposição[1].
O Barroco foi um movimento cultural e artístico, marcado por uma visão
pessimista da vida, conseqüência da crise econômica e social, vivida pela
Europa, e das desilusões acerca dos ideais humanistas e renascentistas.
O
período a que chamamos Barroco se deve ao momento em que a sociedade se vê
diante das consequências da Reforma Protestante, iniciada em 1517 por
Martinho Lutero e que dividiu a Igreja entre católicos e protestantes.
Estas ideias puseram em risco o poder da Igreja, ao que ela responde
com o movimento de reação chamado
de Contra Reforma, e que tinha intenção de impedir o avanço do
protestantismo. O estilo barroco floresce quando a Igreja Católica busca a
consolidação de seu poder.
Dentre
os atos mais importantes da Igreja católica dessa época temos:
1.
A instituição do Tribunal do Santo Ofício, ou Tribunal da Inquisição
2.
A criação da Companhia de Jesus.
Contradições,
no âmbito religioso, que tiveram forte influência sobre a arte
do período, produzindo o desencanto do homem
com o próprio homem ,
assumindo assim uma postura anticlássica,
que instaura um mundo ambíguo e dicotômico,
dividido entre o catolicismo e o protestantismo, entre a fé e a ciência,
que dá espaço à estética barroca.
Contexto social e histórico
Em 1578, o rei de Portugal, D. Sebastião, com apenas
quatorze anos, desapareceu na batalha de Alcácer-Quibir na África, não deixando
herdeiros diretos. Seu tio, Cardeal D. Henrique, assumiu o poder por dois anos,
mas, em 1580, o rei da Espanha Filipe II, herdeiro mais próximo da coroa
portuguesa, anexou Portugal a seu país. Foi um dos períodos mais negros para a
história de Portugal e culturalmente, um período de grande estagnação. O grande
império perdeu seu líder e caiu sob o domínio espanhol até 1756, momento
denominado de Restauração.
O desaparecimento de D. Sebastião incitou o imaginário
popular, dando origem a um posicionamento místico denominado Sebastianismo, no qual muitos acreditavam
no retorno de D. Sebastião, como um salvador, um messias.
Após a Reforma Protestante, a Contrarreforma da Igreja Católica acirra a perseguição aos “infiéis”,
procurando recuperar sua posição de destaque perdida com o Renascimento. A Inquisição
torna-se uma das instituições mais fortalecidas que, além de comandar a
censura, condenava à morte os traidores da fé católica. A Companhia de Jesus
toma frente no processo de catequização e reforça os ideais religiosos,
principalmente nas colônias, como o Brasil.
Nessa época, há uma constante tensão entre o
Antropocentrismo e o Teocentrismo. O homem se vê dividido entre as novas
concepções renascentistas e os valores medievais abandonados. Assim, o Barroco
surge como expressão desse conflito
entre o humanismo renascentista e a tentativa de restauração de uma
religiosidade intensa, vivida na Idade Média; duelo entre a razão e a fé, entre
o material e o espiritual.
O Barroco no Brasil
Somente no Barroco é que podemos começar a falar
de uma Literatura Brasileira, pois encontramos uma
produção literária com preocupação estética, que despe-se dos valores da corte
e reflete a realidade brasileira.
O Barroco foi o estilo artístico dominante
na Europa durante o século
XVII e primeira metade
do século XVIII. Caracteriza-se pela
abundância de ornamentos
e pela ousada elaboração
formal, que se vale do uso de recursos
retóricos, tais como as alegorias
e o uso de figuras de liguagem, como
a antítese e o paradoxo, cujo objetivo é mostrar desconforto.
No
Barroco, a forma poética é encantadora e erudita, mas é apenas um disfarce para
o conteúdo que valoriza a tensão e o conflito , na maioria
das vezes, abordado com ironia ou
malícia; reflexos de uma época angustiada, em que se evidencia a crise
do renascimento .
No Brasil a
estética barroca teve influência direta da coroa portuguesa que, mantida sob o
jugo espanhol até 1640 não acompanhou as descobertas
científicas ocorridas entre os séculos XVII e XVIII no resto
da Europa, por conseguinte permaneceu no obscurantismo medieval.
No Brasil, o Barroco coincide com o momento de grande exploração da
colônia pelos portugueses. Dessa forma, a aristocracia colonial brasileira, ou aristocracia crioula já revela um sentimento de independência que transparece
nos textos literários da época. Por isso diz-se que o Barroco no Brasil foi
"crioulizado", isto é,
misturou a tendência europeia com a visão local , nativista e negra.
As invasões estrangeiras do Rio
de Janeiro ao Maranhão, nos séculos XVI
e XVII, foram responsáveis pelo despertar de uma consciência colonial, que
somada à decadência da cana-de-açúcar , posiciona-se contrariamente ao absolutismo monárquico.
No Brasil, o Barroco inicia em 1601, com o poema épico de Bento Teixeira chamado Prosopopéia, e atinge seu apogeu com o poeta Gregório de Matos e com o orador Pe. Antônio Vieira.
[1]
Óleo sobre tela de Michelangelo Merisi da Caravaggio, 1604. Pinacoteca
Vaticana, Roma. http://mv.vatican.va/3_EN/pages/x-Schede/PINs/PINs_Sala12_01_049.html
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