Em 1502, encena sua primeira peça, o Monólogo do Vaqueiro ou Auto da Visitação, na câmara da rainha D. Maria, em comemoração ao nascimento do futuro rei D. João III.
Durante trinta e quatro anos, Gil Vicente fez com que mais de quarenta peças fossem representadas, nos dando um amplo panorama da sociedade portuguesa da época.
Valeu-se de elementos tipicamente populares desenvolvidos na Idade Média, como as narrativas das novelas de cavalaria, os milagres e mistérios que eram provavelmente encenados nas igrejas e as farsas com objetivos satíricos. A isso tudo acrescentou a comicidade, a religião, o mistério, o lirismo trovadoresco e a crítica social. Esta última característica pode ser considerada seu traço mais humanista.
Segundo o crítico literário Massaud Moisés, as peças vicentinas são apenas indicações para a atuação. Cabia então ao ator, improvisar sobre o texto base, ampliando as falas e incluindo mímicas.
Características do teatro vicentino:
teatro alegórico | Objetos e personagens que representam abstrações ou idéias como o Bem e o Mal. |
personagens tipo | Representam uma determinada classe social, profissão, sexo, idade |
teatro cômico e satírico | A maioria das peças são comédias de costumes, seguindo o lema latino de Plauto: “ridendo castigat mores” (pelo riso corrigem-se os costumes) |
Outras características: ruptura da linearidade temporal e despreocupação com a verossimilhança; falas das personagens em versos; linguagem apresenta aspectos arcaizantes.
Comicidade
comicidade de caráter | as características psicológicas das personagens levavam ao riso. Pero Marques (Farsa de Inês Pereira) é tímido, simples e sem modos |
comicidade de situação | as atitudes das personagens eram cômicas. Pero Marques ao pedir Inês em casamento comportou-se como um simplório, que mal sabe sentar-se em uma cadeira |
comicidade da linguagem | o autor utilizava vários recursos linguísticos como ironia, trocadilhos, ditos populares, gírias e palavrões. |
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